Para celebrar o mês da mulher, a Prefeitura de Campina Grande, através da Coordenadoria da Mulher, lança a campanha Mulheres Extraordinárias com o objetivo homenagear o público feminino, de diversos setores da sociedade, que serve de inspiração no seu trabalho ou na sua trajetória de vida.
A primeira homenageada será a professora da UFPB Patrícia Rosas que morou durante toda a infância no lixão de campina Grande, mas conseguiu estudar, alcançar graduação, mestrado, doutorado e já recebeu várias premiações em nível nacional.
O projeto se estende também à rede social @coordenadoriadamulhercg e vai homenagear uma vez por mês, uma mulher que se destaca na sua área de atuação. “Vamos homenagear diversas mulheres, em diferentes profissões como forma de incentivar outras mulheres”, disse Talita Lucena, coordenadora da Mulher em Campina Grande.
Sobre Patrícia Rosas
Patrícia Rosas Nasceu em Campina Grande, ela e mais 9 irmãos, sobreviveram como catadores de lixo. Filha de Ivan Rosas (pedreiro) e Maria do Carmo Silva (empregada doméstica), a menina encontrou na educação o alicerce para construção de uma brilhante carreira como professora
Durante anos, na década de 90, catou osso no lixo para vender e comprar comida e além do lixão, trabalhou em olaria, no roçado, em abatedouro, dentre outras atividades em busca de sustento.
Ainda na infância se encantou com a escola Municipal Luiz Cambeba. Foi nessa época que que se apaixonou pela docência, inspirada na primeira professora, Rosa. “Eu vinha do lixão, e aquele mau cheiro do aterro estava impregnado em mim. Ao chegar à escola, a professora me abraçava na porta, e seu perfume impregnava minha roupa. Foi nesse momento que surgiu a certeza em mim: Eu quero ser professora para ter esse cheiro de perfume. Assim, desde os primeiros anos da minha infância eu cultivava o sonho de seguir a carreira docente, narrou.
Nos anos 2000, cursou o Magistério e logo em seguida o Curso de Letras na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Na época fez concurso público para docente numa cidade do interior, escreveu Patrícia. Cursou mestrado na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) depois o doutorado na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Após concluir o doutorado em 2017, se dedicou à educação básica na zona rural. Nesse período criou a Revista Tertúlia e o Projeto de Leitura Desengaveta Meu Texto. Os projetos, ao longo de sete anos, impactaram cerca de 4 mil estudantes em seis escolas públicas da Paraíba, recebendo prêmios e reconhecimentos nacionais. Os projetos educacionais ganharam impulso e se transformaram no Instituto de Leitura e Escrita Desengavetar, uma entidade sem fins lucrativos dedicada a beneficiar crianças e jovens, promovendo a leitura e a escrita.
Assim, apesar das dificuldades, eu segui em frente e vi a Revista Tertúlia e o Projeto de Leitura Desengaveta Meu Texto conquistarem prêmios nacionais e reconhecimentos importantes, como três indicações ao Prêmio Jabuti, o prêmio Os melhores programas de Incentivo à Leitura junto a crianças e jovens do Brasil, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), o Prêmio LED – Luz na Educação da Rede Globo e Fundação Roberto Marinho –, dentre outros que fortaleceram minha convicção na transformação educacional.
Depois de 21 anos de contribuição na educação básica, o ano de 2024 marcou uma transição significativa na carreira da professora: foi empossada como professora efetiva na Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
“Minha história é um lembrete de que, independentemente das origens humildes e das adversidades, a educação pode ser um catalisador poderoso para a mudança. Ao compartilhar minha história, desejo inspirar outros profissionais da educação a perseverarem diante das adversidades, rejeitando a resignação diante dos desafios. A mensagem é clara: levante-se e mostre seu potencial, mesmo quando alguém duvidar”, concluiu.
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