Por Efraim Filho
Uma mistura de descaso com a história, insensibilidade política, ambição monetária e desprezo patrimonial. Foi isto o que mais se ouviu a respeito da destruição do relógio, da Praça do Relógio, no Centro de Santa Luzia, patrocinada pelo prefeito da cidade.
O relógio da praça, na Praça do Relógio, foi testemunha do tempo nos últimos 60 anos.
A derrubada do relógio, e da torre onde ele ficava, foi como a morte de um pedaço de Santa Luzia, na praça mais famosa da cidade.
Argumenta-se que um novo relógio, agora digital (grande coisa!), será colocado na nova praça, que será, ela também, inteiramente modificada.
Com certeza não é pelo relógio em si que tanta gente em Santa Luzia chorou ao ver a torre no chão.
A tristeza é por ver um patrimônio da cidade, que marcou a vida de seus moradores, que foi palco de tantos encontros, que marcou os minutos que corriam implacáveis na vida pacata de Santa Luzia, enfim, que um dos nossos maiores símbolos históricos tenha sido derrubado e destruído.
É lamentável que um gestor público decida, de forma solitária, destruir um ícone da cidade que governa, jogando no lixo a memória dos últimos 60 anos.
Nosso grupo político chegou a fazer intervenções na Câmara Municipal e encaminhou solicitações para que fosse feita a revitalização do monumento, no lugar da demolição. Mas, infelizmente, elas foram ignoradas pelo prefeito. Na justiça, também entramos com ação, mas o prefeito se aproveitou da demora em decidir e se apressou em fazer a derrubada.
Não é pelo relógio. É por tudo o que ele representa de memória para sua gente. Não se destrói um patrimônio vivo da história. Não se apagam memórias por decreto.
Por isso ninguém se surpreenda se, nas próximas eleições, o povo de Santa Luzia esquecer de votar no candidato apoiado pelo prefeito que quis roubar nossas memórias e colocou abaixo a torre do relógio…
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