Referência em procedimentos de alta complexidade, o Hospital Alberto Urquiza Wanderley comemora este mês 20 anos de pioneirismo na realização transplantes na Paraíba. Os procedimentos feitos na unidade, que integra a rede própria da Unimed João Pessoa, são considerados marcos na história da medicina paraibana e já salvaram muitas vidas.
A estrutura do hospital, com equipamentos de ponta e uma equipe especializada, foi essencial para garantir as condições necessárias para a realização do primeiro transplante no Estado, em 23 de maio de 2004, quando um paciente recebeu um novo coração. Quinze dias depois foi realizado um transplante de fígado, também na instituição. Já os transplantes de rim começaram em outubro de 2009.
O presidente da Unimed João Pessoa, Gualter Lisboa Ramalho, reforçou que os investimentos feitos na unidade hospitalar e demais unidades assistenciais estão sempre alinhadas com o que há de mais moderno e inovador no mercado, para trazer conforto e segurança aos pacientes. “Cada história de superação nos emociona e nos motiva a trabalhar ainda mais para trazer o que há de melhor para a nossa rede”, destacou o presidente.
SUCESSO
O cirurgião cardiovascular Maurílio Onofre Deininger, chefe da equipe de transplante cardíaco do Hospital Alberto Urquiza, contou como foi comandar o primeiro transplante de coração, há 20 anos, com uma equipe de quase 20 profissionais. “Foi um marco não só para a equipe cirúrgica, mas para toda a equipe multiprofissional envolvida no procedimento e para a comunidade médica do Estado. Ter uma infraestrutura adequada, com equipamentos de ponta e uma equipe multidisciplinar bem treinada foi essencial para garantir o sucesso do procedimento”, avaliou.
Atualmente, o Hospital Alberto Urquiza Wanderley conta com um moderno Centro Cirúrgico, Centro de Diagnóstico por Imagem e seis Unidades de Tratamento Intensivo, entre outros serviços essenciais à realização de transplantes. A unidade é credenciada junto ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT), órgão ligado ao Ministério da Saúde.
NOVA VIDA
A aposentada Adelice Pereira da Silva, de 81 anos, é prova viva de que um transplante bem-sucedido pode proporcionar uma vida longa e com qualidade. Se a Unimed JP está comemorando 20 anos de realização de transplantes, ela celebrou 18 anos de seu novo coração em março deste ano.
Adelice Pereira teve que fazer transplante após sofrer com um caso de miocardite dilatada. “Até cheguei a colocar um marca-passo, mas não adiantou. Os médicos me deram três anos de vida. Estava sempre cansada ao menor esforço, não queria comer. O coração perdeu muita força, então não tinha mais o que fazer”, lembra.
A miocardiopatia dilatada é uma doença que torna as fibras musculares do órgão distendidas, prejudicando o bombeamento adequado do sangue pelo corpo. A doença traz grandes consequências no dia a dia do doente, como falta de ar durante o esforço físico e cansaço.
Após idas e vindas em UTIs, Adelice e a família decidiram pelo transplante. Ao lado da filha Josélia Pereira Silva da Cruz, ela teve forças para aguardar o tão sonhado dia da cirurgia para viver saudável novamente. A espera foi angustiante. Mas a agonia deu lugar a esperança quando Josélia recebeu a notícia de que a mãe receberia o coração de um jovem que tivera morte encefálica, aos 20 anos.
ESTÍMULO E INSPIRAÇÃO
A aposentada só soube que iria fazer o transplante quando chegou ao hospital. Foi uma noite longa do dia 15 para o dia 16 de março de 2006 – a cirurgia começou às 21h e terminou por volta das 6h da manhã. “Fiquei tranquila. Do jeito que eu estava, não tinha outra alternativa. Hoje estou feliz, alegre, agradecendo a Deus e a equipe médica. Depois que operei não sinto nada no coração”, disse.
Para o cardiologista Maurílio Onofre, que operou e acompanha Adelice ao longo desses 18 anos, a evolução da aposentada é um motivo de estímulo e inspiração. “Com 81 anos, ela exemplifica o sucesso que pode ser alcançado com um transplante cardíaco bem-sucedido e cuidados contínuos. Sua história é um testemunho do valor da dedicação contínua de toda uma equipe multiprofissional comprometida e da resiliência do paciente”, enfatizou.
AVANÇOS
De 20 anos para cá, muita coisa mudou na área de transplantes. As maiores mudanças se deram nos avanços significativos na imunossupressão, o que tem reduzido as taxas de rejeição dos órgãos transplantados. As novas tecnologias e o desenvolvimento de melhores protocolos de cuidados pós-operatórios também estão contribuindo para aumentar as taxas de sucesso e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
ATO DE AMOR
O transplante significa um renascimento na vida de quem recebe o órgão. Por isso, a doação é tão importante. Um único doador pode salvar, em geral, até oito vidas. “É um ato de amor. É dar uma nova chance de vida a outra pessoa. Eu sou grata. Deus foi fiel conosco de ter minha mãe, após os médicos dizerem que ela só teria três anos de vida. Só quem sente, é quem está passando”, afirmou Josélia Pereira, que é presidente da Associação Paraibana de Portadores de Hepatopatias, Transplantados Hepáticos e Familiares (Apheto PB), uma instituição voltada para ajudar pessoas transplantadas.
Ficar frente a frente de quem doou um bem tão precioso com outras famílias é emocionante. Foi o que contou Josélia Pereira ao falar do encontro com a família que autorizou a doação dos órgãos do filho, e que salvou sua mãe. “Nos encontramos várias vezes. Só tenho a dizer que é muito amor. Amor por Deus, que nos deu essa benção. Amor pela família do doador. Amor pela equipe médica. Só amor”, salientou.
O Brasil é referência mundial na área de transplantes e possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Hoje, o país tem pouco mais de 43 mil pessoas que esperam receber um transplante de órgãos, segundo o SNT.
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