O setor de serviços é altamente intensivo em mão de obra. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), permitem inferir que cerca de 80% do emprego formal do Brasil está ligado aos serviços. O setor também é responsável pela maior parte da geração de riqueza no nosso país. Representamos mais de 67% do Produto Interno Bruto (PIB) Nacional. Mesmo diante de tamanha importância para a economia a atividade dos serviços vem sofrendo inúmeros “ataques” nos últimos dois anos. A reforma tributária elevou drasticamente a alíquota dos impostos sobre os serviços, sem promover nenhuma discussão sobre o custo do emprego no Brasil.
Em verdade, o Imposto sobre Serviços (ISS) e o Imposto sobre Mercadoria e Serviços (ICMS) não são o nosso maior peso tributário. O que pesa para o setor de serviços, em particular para os Bares e Restaurantes, é a oneração da folha de pagamentos. Estimativas de um dos maiores pesquisadores da área, o professor José Pastore da Universidade de São Paulo (USP), indicam que o custo do trabalho formal no Brasil é de 103%. Ou seja, para cada salário que o empregador paga, um pouco mais de um salário é comprometido com impostos. A agenda de redução desses encargos deveria ser tratada com urgência. Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), afirma que um aumento de 10% no custo trabalhista induz uma elevação na informalidade em 3%. Nas regiões Norte e Nordeste esse efeito é ainda mais expressivo, com impacto superior a 6% na informalidade.
Infelizmente, o custo do trabalho não é o único problema para os empregadores. O Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) avaliou a evolução da produtividade do trabalho brasileiro nos últimos 34 anos e concluiu que a nossa produtividade permaneceu praticamente estagnada no período. Em média, em uma hora de trabalho, um brasileiro geras apenas 25% do valor gerado por um trabalhado Norte Americano. Em resumo, nosso trabalho é caro e pouco produtivo. Essa é uma das razões para que o Brasil ainda seja um país pobre e subdesenvolvido. Em 2023, nosso PIB medido em dólares foi de US$ 2,17 trilhões. No mesmo ano, o PIB do Canadá foi de US$ 2,14 trilhões. O detalhe é que o Brasil possui cerca de 203 milhões de pessoas. O Canadá possui apenas 40 milhões de habitantes. Ou seja, os canadenses produzem o mesmo volume do Brasil, só que com apenas 20% da nossa população.
Diante de estatísticas tão claras, nossos agentes públicos deveriam estar empenhados em discutir políticas de redução do custo do trabalho, aumento da formalização da nossa economia e, principalmente, de elevação da produtividade do trabalhador. É surpreendente que, diante desse cenário, qualquer agente público racional esteja acreditando, de fato, que poderemos gerar mais riqueza trabalhando menos.
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